sábado, 29 de junho de 2013

Minha Confusão

Eu não fazia isso porque sentir dor me agradava, nem porque cortes aliviavam a dor que eu já sentia. Não. Não era por nada disso que as pessoas, no geral, dizem ser. Eu sabia que já estava sofrendo, e a dor da minha pele rasgando era outro sofrimento completamente diferente, com significados e razões também distintas. Era uma dor igualmente horrível. Mas tornou-se uma algo ao qual me acostumei, me habituei. Uma dor com a qual eu aprendi a lidar. A controlar. Eu conseguia fazer tudo aquilo, cada vez mais forte, cada vez mais fundo, sentindo cada vez menos dor. Eu estava me tornando imúne àquilo. E era o que eu queria. Eu pretendia chegar ao ponto em que eu não sentiria mais dor alguma. Mas para isso, minha respiração, meus batimentos cardíacos e tudo mais que eu sentia também viria a se tornar nulo. Agora eu vejo isso. Agora eu consigo enxergar que esse era o propósito de tudo. Enquanto acontecia, eu só queria sentir. Eu me viciei. E eu chorava sem entender porque eu fazia aquilo, porque eu não conseguia parar. Mas agora eu consegui. Consegui porque eu entendi. A "dor" que tudo ao meu redor me causava era algo que me fazia surtar, algo incontrolável, sem previsão de rumo ou de quando cessaria. Eu precisava criar algo que era causado por mim. Controlado por mim. E também só poderia ser parado por mim. Eu precisava ter esse controle em pelo menos uma coisa em minha vida. Em minha confusão.